Publicado em: 05/06/2021 pelo Jornal Diario de Pernambuco – Opinião
Nós sonhamos alto. E, pode apostar, estamos apenas começando. Tenho muito orgulho de compartilhar hoje, 5 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente, tanta notícia boa envolvendo o desenvolvimento urbano sustentável da nossa cidade. Aquela alegria de já conseguir ver o Recife lá na frente, no futuro, cada vez mais verde, humanizado e em sintonia com as necessidades de moradores e visitantes. Sim, todas e todos nós merecemos ter mais saúde, bem-estar e qualidade de vida. E assim será.
Apesar de estar entre as 16 cidades mais vulneráveis à crise climática no mundo, a capital pernambucana conta com uma estratégia bem definida para diagnosticar e enfrentar os seus efeitos, protagonizando a busca por soluções que dialogam com a Agenda 2030, sempre no sentido de cumprir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Um trabalho que começou na gestão de Geraldo Julio e se fortalece na do prefeito João Campos, com ações transversais guiadas pelo nosso Plano Local de Ação Climática (PLAC) e viabilizadas a partir da sinergia entre todas as secretarias de governo.
Construído com o suporte do ICLEI – Governos Locais pela Sustentabilidade, o PLAC estabelece medidas na área de energia, saneamento, mobilidade e resiliência, para a redução da emissão de gases do efeito estufa. Esse compromisso, aliás, está ratificado com a adesão do Recife ao Race to Zero, coalizão de cidades de todo o mundo empenhadas em zerar carbono até 2050.
O lançamento do Eco Recife no início desta Semana do Meio Ambiente se soma a esses esforços, a partir do exemplo do poder público. De imediato, o programa prevê a proibição da compra de material plástico descartável no prédio-sede da prefeitura e, posteriormente, em outras instituições. Isso além de ações de eficiência energética e redução do consumo de água.
Outros projetos em curso há mais tempo na cidade incluem instalação de iluminação de LED e de sistemas de geração de energia solar fotovoltaica em equipamentos como o Hospital da Mulher. Também temos apostado em urbanismo tático, com priorização do pedestre, e aumentado gradativamente a malha cicloviária. Já são 150 km de rotas cicláveis e serão pelo menos mais 100 km até o fim da gestão, a ponto de cada cidadão dispor de um equipamento a 300 metros de onde estiver. A atuação em prol da ciclomobilidade fez o Recife ser escolhido como líder para a campanha Cidades Pedaláveis, iniciativa global do Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento (ITDP), com sede em Nova York.
A coleta seletiva é outra frente que se expande, assim como as soluções baseadas na natureza e a agroecologia. Já a proteção e ampliação da cobertura verde são prioridades absolutas. Somente nos primeiros meses deste ano, foram plantadas mais de 1.500 árvores, espalhadas por 30 bairros. Hoje, Recife já é referência em preservação ambiental, com 38% de seu território protegidos por 25 Unidades de Conservação da Natureza (UCNs), que se somam aos Imóveis de Proteção de Área Verde (IPAV) e à arborização urbana.
Ainda queremos avançar muito mais, tendo como horizonte o Parque Capibaribe. Um dos planos urbanísticos mais ousados da nossa história cria um novo eixo estruturador do desenvolvimento do Recife, através da conexão com o rio como espaço democrático de lazer, contemplação e educação ambiental. A partir das suas margens, nos tornaremos uma grande cidade-parque. O projeto é ponto-chave, inclusive, da articulação que temos promovido junto ao hub consular da cidade para a colaboração em escala global.
Tamanho protagonismo na pauta da sustentabilidade tem tornado o Recife um modelo de resiliência, com projeção em diversas redes internacionais. Não por acaso, recentemente, tive a honra de ser nomeada embaixadora para a América do Sul da Cities Climate Finance Leadership Alliance. Como tal, atuarei como catalisadora de iniciativas da região que buscam financiamento climático para o fomento de infraestruturas de baixo carbono, além de estimular o intercâmbio de conhecimentos e a preparação para a COP-26.
O investimento na construção de uma cidade sustentável, inclusiva e resiliente é norteado pela certeza de que a adoção de uma lógica de economia verde contribui com a preservação do meio ambiente, a redução das desigualdades sociais e a geração de oportunidades de emprego e renda, reforçando o compromisso do poder público com as atuais e as futuras gerações. Sou toda gratidão ao ver tanta lindeza saindo dos nossos sonhos e ganhando vida nessa Recife amada, a cidade que escolhemos para chamar de nossa. Vamos em frente e sejamos felizes nesse caminhar.